Manuela Ferreira Leite dixit...

A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, afirmou ontem que «Francisco Sá Carneiro continua a ser uma referência para este país», à saída da tradicional missa realizada em Lisboa em memória do antigo primeiro-ministro.

«O dr. Francisco Sá Carneiro continua a ser uma referência para este país. Foi o fundador da social-democracia, defendeu estes valores e nós continuamo-los», afirmou a presidente do PSD aos jornalistas.

Comentário: A evocação fúnebre de Sá Carneiro é a única iniciativa comum às facções em luta mas não está provado que o fundador do PPD tenha fundado a social-democracia.

Comentários

e-pá! disse…
Referências & comemorações

De facto, Sá Carneiro não fundou a social-democracia.
Manuela Ferreira Leite, economista, é pouco rigorosa nas questões políticas.
É que, fazer política, é muito diferente do que leccionar de cátedra, onde o poder contraditório jaz debaixo do estrado.

Sá Carneiro, em associação com algumas personalidades da vida pública portuguesa que viviam incomodados na ditadura - como Francisco Pinto Balsemão, Mota Amaral, Joaquim Magalhães Mota, Miller Guerra, entre outros - aceitou integrar a chamada "ala liberal".
Esta posição, que lhe permitiu contestar o regime marcelista - herdeiro e prisioneiro do salazarismo - no seu interior, nomeadamente, na farsa da revisão constitucional de 1970 , onde propôs:
a abolição da censura e a proclamação da liberdade de Imprensa; a eliminação dos entraves administrativos à liberdade de associação; a extinção dos tribunais plenários, etc.

Foi politicamente um ingénuo - a verdade manda dizer que nesta situação foi acompanhado por muitos portugueses - e o reconhecimento dessa condição revelou-se pelo abandono, sem honra nem glória, da Assembleia Nacional.

Nem sequer foi suficientemente corajoso ao ponto de denunciar nesse areópago fantoche o "cancro" que minava a sociedade e mutilava a juventude portuguesa: a guerra colonial.
Respeitou tabus que não eram os seus!

E quanto a fundações, nem sequer se aventurou a formar um partido social-democrata.
Confrontado - ou surpreendido, nunca o saberemos - com o advento da democracia, que Abril ofereceu a todos os portugueses, consegue construir uma miscelânia de liberalismo e populismo e, daí, nasceu o PPD.

Só mais tarde adopta, nominalmente, a sigla PSD para satisfazer nichos eleitorais específicos receosos do comunismo mas, fundamentalmente, para ocupar espaço ao PS.
Foi um político com uma envergadura, digamos grandiosa, para a Direita democrática.
Mas só foi grandioso essencialmente porque a Direita portuguesa sempre foi paupérrima!
As comemorações e as homenagens que ciclicamente lhe fazem - e têm todo o direito em fazê-las - não devem obnubilar a real trajectória histórica.
E-Pá:

Só faltou recordar Pinto Leite que morreu num "acidente" na Guiné e era o mais destacado deputado da ala liberal.

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