Esqueleto no armário da nossa vergonha

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Os gestores ganham em média 4,4 vezes mais do que os seus empregados de escritório, revela um estudo da consultora Hay Group. Este hiato salarial coloca Portugal, a par da Grécia, como o país onde as diferenças nas retribuições entre trabalhadores "intelectuais" são mais elevadas.

Comentários

e-pá! disse…
OS "GESTORES DE TOPO"
E
A EMINÊNCIA DE CRISE SOCIAL...

Interessantes os dados fornecidos pela consultora da consultora Hay Group.
Mas qualquer português tem a noção que a situação ainda é pior do que a relatada.
Aliás, o facto de Portugal ter passado para o 39.º lugar, numa lista de 61 ecomnimias, ombreando com o Botswana - um caso de estudo no continente africano, o que nos trona "campeões" das desigualdades na Europa Ocidental.
Mas nem tudo é mau.
Em Portugal pagam-se 'salários internacionais' para atrair "gestores de topo", como o presidente da TAP , GALP e outros.
Este ano alguns "gestores de topo" vão apresentar prejuízos. Nos EUA seria a desgraça. Em Portugal a culpa é do preço do petróleo, como se a previsão da evolução dos mercados (petrolifero, incluído) não estivesse dentra das siuas funções e competências.
E como a culpa é do petroleo alguns desses gestores de topo, vão - arbitariamente - aumentar os seus salários. Alguns até quadriplicam!
Os Conselhos Fiscais acenam que sim com a cabeça. Também lhes chegarão umas "migalhas".
Num outro estudo recentemente publicado, verifca-se que os salários dos "gestores de topo", em Portugal, nos últimos 10 anos, aumentaram 300 vezes.
Fianlmente preceveram-se quanto às reformas. Mesmo que venham, no futuro, os tempos do despedimentos por maus resultados, voltam para casa com chorudas reformas.
Está criada a aristrocracia do "gestor de topo".
Vão resistir até à última a uma legislação que introduza qualquer conceito de justiça social.

A não ser que a crispação seja tão intensa, que a rua se torne um campo de batalha pela sobrevivência física e política.
O capitalismo sempre tentou impedir "isso". Neste momento, ao não consegui-lo, vitima da voracidade de alguns, pode desencadear convulsões incontroláveis. O regime das 65 horas no espaço da UE não via ser fácil de digerir.
Mas, fatais para os próprios, para as forças políticas, para os regimes democráticos e para o progresso da Humanidade é a marcha desenfreada em direcção às mais profundas desigualdades que - na prática - tudo retiram ao Homem. Dignidade, incluída.

O ignóbil regime da escravatura, quanto mais não seja, deixou-nos, para além de uma herança de vergonha e de opóbrio, essa dramática lição.
Lição histórica que, alguns, não a aprenderam. Pagarão um elevado preço por isso!
e-pá! disse…
ADENDA:

Começa, nos meios financeiros, a haver alguma sensibilidade para a gravidade deste problema.

Fernando Ulrich, presidente do BPI, no programa "diaga lá excelência", pela primeira vez levanta uma questão séria, em relação á tensão social que começa a desenvolver-se no nosso País.
Assim:
O homem forte do BPI defende, em alternativa, o agravamento do IRS e do IRC, inclusive para a banca, neste caso sempre que os lucros ultrapassarem os 100 milhões de euros, ou seja, uma medida que incluiria o próprio BPI que preside.
Isto é, mais impostos para os que mais ganham, como resposta à actual conjuntura.
Esta proposta não é ingénua. É o resultado da avaliação da situação do País, à beira de graves turbulênciais sociais, que não estarão tão longe como muita gente julga...
Graza disse…
Normalmente quando um post me diz um pouco mais, entro para comentar ou para conferir o que alguns bons assíduos aqui dizem. Abri com intenção de deixar a indicação de que finalmente alguém começa a acusar o toque e preparava-me para falar de Fernando Ulrich, do BPI, que acabo de ouvir no telejornal , mas já aqui estava dito...

É uma reacção muito ténue mas tem o mérito de ter sido a primeira. A solução que admito, tem mais carácter de revolução tal é o encadeado de regalias privilégios e mordomias com que empenharam os nossos salários futuros para os sustentar que não haverá lugar nem justiça económica para os suportar. Mas aquele desabafo está longe ainda de nos por a salvo do risco “da rua como campo de batalha” de que fala “e-pá” e para o qual há muito venho alertando lá no meu espaço. São muitos o que sentem a injustiça de suportar a barbárie económica que despudoradamente os assalta. Suponho até que há, a quem custe mais suportar a injustiça de contribuir para vencimentos com tantos dígitos, do que olhar para a miséria dos poucos que leva. É a honra que começa a ser afectada.

Não gosto muito deste discurso mas infelizmente começa a aparecer demasiadas vezes nas minhas reflexões: É, esperava mais da nossa classe política. Também eles me parecem estar desfasados nisto tudo. Olho aquela Assembleia e sinto que não merecem o que pago por eles. Acho-os caros. Bastantante caros. E acho-os muitos. Demasiados para o que de lá saí. Há ali muita gente anónima que me parece estar apenas para cumprir o número, o quorum. Metade dava bem conta do recado. Há muito por fazer em Portugal, mas já vem de antes do Eça. Parece um ciclo (ou circo?) infindável e o paradigma é que todos nos sentimos a assistir a ele. Impávidos. Resquíssios do feudalismo? Mas isso já foi há tanto!

Não fui sintético. As minhas desculpas.

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