Mais um assalto no meu bairro

No quiosque do meu bairro, onde compro os jornais, o Sr. José madruga na abertura e atrasa-se no fecho, com um único intervalo para o almoço, não vão os clientes mudar de fornecedor. Não admira, é o dono e empregado único. O Sábado é um dia normal e o Domingo o único cuja tarde destina à família. Só a primeira comunhão da filha levou o cristão a alterar os hábitos nesse dia de devoção e festa da criança.

Na quinta-feira passada, dia 5, eram 20H30 quando lhe parou à porta um carro preto com dois jovens. Saiu um para lhe perguntar se tinha cartões da TMN, tendo-lhe o Sr. José respondido que só tinha da Rede 4. É exíguo o espaço do quiosque e, da porta, o cliente informou o companheiro: «Só tem da Rede 4» e, acto contínuo, enquanto o Sr. José procedia à contagem das moedas, virou-se para trás e estendeu a mão para a caixa registadora e recolheu as notas já contadas e emaçadas.

Fugiu com 360 euros mas o comerciante logo contornou o balcão e foi-se ao motorista desferindo um potente murro no vidro. Por razões que ninguém virá a saber, o condutor abriu a janela. Quando o cúmplice entrou com o dinheiro na mão já o outro tinha o pescoço preso no braço esquerdo do comerciante e o focinho aconchegado com dois socos, só interrompidos para, num gesto rápido, recuperar o seu rico dinheirinho das mãos do larápio.

Na pressa de recolher o dinheiro o Sr. José largou o pescoço ao meliante que logo se pôs em fuga com o companheiro. Perdeu na refrega dez euros e um velho relógio. Os que assistiram não registaram a matrícula do automóvel nem intervieram, heróis de bancada que viram à borla o espectáculo.
*
Moral da história: Há patrões que correm bem e assaltos que correm mal. Se todas as vítimas reagissem assim, a vida dos gatunos seria um pouco mais difícil.

Comentários

eng.rui.silva disse…
Razão tem este governo... CADA VEZ HÁ MAIS SEGURANÇA ! ah ah ah ah
ana disse…
Tem toda a razão o sr. eng.(por parte do pai ou por parte da mãe?).Nos anteriores não havia nada disto.
Vítor Ramalho disse…
Um comerciante dos meus. Só tenho pena que essa escumalha não me escolha para assaltar. Nem chamava a policia e divertia-me à brava.
FH disse…
sorte teve o sr. José, primeiro porque não perdeu o seu dinheirinho, depois porque não deixou ficar viuva a mulher e orfãos de pai os filhos.

Cada caso é um caso, eu a frio e em teoria, penso sempre que se for assaltado, dou tudo o que tenho (tentando memorizar ao maximo caracteristicas individualizadoras do individuo). Não vale a pena pôr a minha vida em risco por aquilo que tenho na carteira ou no corpo.
Depois há mais marés que marinheiros...

Na pratica, tentaram-me assaltar duas vezes, uma a casa onde morava e o infeliz assaltante conseguiu escorregar pelas escadas do 1º andar várias vezes...
outra nos Jardins de Santa Cruz, iamos 3, no diálogo com o assaltante, talvez por este sofrer de narcolepsia, adormeceu que foi um instantinho.

amigo Vitor Ramalho, eles não escolhem A ou B, é simplesmente estar no sitio errado à hora errada, depois aqui e ali dão pela frente com a casa/pessoa errada.

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