EUA e Kosovo

Só compreendi verdadeiramente o interesse e a pressa dos EUA na independência do Kosovo ao ver, na televisão, a enorme quantidade de bandeiras americanas que muçulmanos agitavam para festejar a independência.

Longe vão os tempos em que Bush falava com Deus, que o aconselhou a invadir o Iraque.

Comentários

Rui Cascao disse…
Bem, os albaneses do Kosovo têm razões para isso... afinal, os EUA ajudaram-nos a sair do pesadelo da opressão sérvia
Anónimo disse…
Rui Cascao:

Não me atrevo a discordar das razões dos albaneses do Kosovo, apenas duvido das razões do americanos.

Há muitos povos mártires que não têm o apoio dos EUA.

Quanto ao Kosovo, apesar dos bem documentados posts do Rui Cascao, preferia uma ampla autonomia à independência.

Não aceito a vingança copntra os sérvios, por mais «merecida» que seja, nem a abertura da Caixa de Pandora para novas aventuras do Cáucaso à Península Ibérica.

E vamos ou não permitir que os enclaves sérvios se tornem independentes do Kosovo.
Anónimo disse…
Aí está um ponto do comentário do CE que merece atençao, esta idependência kosovar fora da legalidade internacional é um bálsamo para nacionalistas bascos, galegos e catalaes e constitui um nó dificil de desatar por parte de Zapatero que nao pode de forma alguma apoiar esta secessao pois o risco que lhe aconteça o mesmo "em casa" está cada vez mais perto com este episódio.
Rui Cascao disse…
Obviamente que os EUA não estão lá a feijões, basta contar as bases aéreas que tem instalados no Kosovo, e que permitem o domínio estratégico do Mediterrâneo oriental. Para além disso, palpita-me que muito provavelmente, parte do preço a pagar pelo Kosovo pela ajuda americana passará pela venda das minas de linhite e de zinco a grupos económicos americanos. As ajudas pagam-se: a Sérvia já começou a pagar a factura da ajuda Russa (venda da companhia nacional de petróleo e gás). Obviamente que a Rússia também não está a ajudar a Sérvia por causa dos seus lindos olhos ortodoxos.
Os interesses das grandes potências são muito complexos, e a ajuda a um país mais pequeno nunca é altruísta.

Respondendo ao Carlos Encarnação, concordo que teoricamente, num mundo perfeito, o ideal seria uma autonomia alargada. Mas parece-me que essa autonomia é impossível de concretizar na prática, uma vez que as posições se extremaram tanto que a continuidade da maioria albanesa do Kosovo na Sérvia é insustentável. Massacres e intolerância de ambos os lados, uma geração perdida de albaneses que foram excluídos do sistema de educação e do sistema de saúde.
Para além disso, que garantias teriam os albaneses de que, a obterem um estatuto de autonomia alargada no seio da Sérvia, esse estatuto não seria posteriormente reduzido ou mesmo extinto, como já aconteceu no passado recente, em 1989? Como é que se pode convencer um Kosovar que essa autonomia seria respeitada por um país em que a extrema-direita nacionalista obtém 48% dos votos numa eleição presidencial e é o partido mais votado (sendo que o seu líder está detido preventivamente em Haia, sendo julgado por genocídio)?
Outro argumento ainda prende-se com a questão económica. Nos noventa e cinco anos que o Kosovo pertenceu à Sérvia, o que é que os seus sucessivos governos fizeram para desenvolver o território? Quase nada. Que garantias poderiam ter os albaneses de que uma nova autonomia no seio da Sérvia veria alguma réstia de esperança de prosperidade.
Admiro muito o povo sérvio, a sua cultura, a sua língua que me orgulho de saber falar, admiro a espontaneidade e a enorme generosidade do seu povo. Mas, o estado sérvio, com os políticos que tem, e com a conduta face aos seus vizinhos e às suas minorias que tem revelado à saciedade nas duas últimas décadas não merece qualquer credibilidade por parte dos seus vizinhos ou da comunidade internacional. E é por isso que a Sérvia perde o Kosovo, tal como perdeu a federação jugoslava, tal como perdeu o Montenegro, e não por qualquer sentimento de vingança contra o bravo povo sérvio, que desde a Idade Média sempre se bateu fielmente ao lado do Ocidente.
Quanto à secessão das partes de maioria sérvia do Kosovo e a sua anexação à Sérvia, tal solução seria, essa sim, a abertura da caixa de Pandora nos Balcãs. Qualquer ajuste de fronteiras entre Kosovo e Sérvia seria extremamente complicado, uma vez que a etnia albanesa é maioritária em parte significativa do Sul da Sérvia (o vale de Preševo e Bujanovac), e que 30% dos sérvios do Kosovo estão dispersos pelo sul do Kosovo. E a começarem os ajustes de território, abrir-se-iam novas reivindicações territoriais dos albaneses do Montenegro e da Macedónia.
Rui Cascao disse…
Peço desculpa, Carlos Esperança, por me ter enganado no seu nome. Tinha acabado de ler o post do André Pereira e o artigo aí referido sobre a Câmara Municipal.
Perdoe-me o lapso
Anónimo disse…
Rui Cascao:

Não me senti ofendido. Nem era motivo para isso.

Apenas me separam de Carlos Encarnação as convicções e as missas. De resto até tenho uma relação amistosa com o pio autarca.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides