Depois do Dia K


Como esperado, este Domingo o Kosovo declarou a sua independência. Iniciar-se-á agora o ciclo de reconhecimentos, que deverá esperar o desenlace da reunião do Conselho da UE. Poucos países se demonstram dispostos a reconhecer imediatamente a nova república, sendo de prever que os primeiros sejam a Turquia e a Albânia.
Do lado Sérvio, as esperadas declarações políticas alusivas à nulidade do acto, mas para já ainda nenhum embargo económico. A noite foi marcada por distúrbios e vandalismos em Belgrado, e por um apelo à corrida às armas por parte da Igreja Ortodoxa Sérvia.
Na UE, apesar da viabilização da missão EULEX e do pacote de ajuda financeira, o consenso termina aí, uma vez que pelo menos Estados-membros se opõem à declaração de independência: Chipre e Espanha (nacionalismos internos), Roménia (solidariedade com a Moldávia), Grécia (solidariedade com o Chipre e generalizada xenofobia anti-albanesa), e Eslováquia (ainda os decretos Benes).
Portugal deverá, segundo o MNE, reconhecer o Kosovo, no momento oportuno, sem pressas, e após avaliar os termos da declaração de independência.
Agora, resta o mais importante: acabar com as máfias que governam o Kosovo, garantir o respeito pelas minorias, e construir uma economia quase do zero.
Quanto à Sérvia, compreendo que é sempre doloroso perder território. Mas a Sérvia viveu quase toda a sua história sem o Kosovo, entre 1389 (quando o perdeu para o Império Otomano na batalha de Kosovo polje) e 1912 (quando o voltou a adquirir durante as guerras balcânicas). A Sérvia sobreviverá sem essa província que nunca foi realmente sua senão na mitologia nacionalista.

Comentários

Vítor Ramalho disse…
A moral da história é muito simples: os tenebrosos guerrilheiros islâmicos são o eixo do mal se nos mandam as torres ao fundo mas até são uns gajos porreiros para edificar o califado, lá longe, às portas dos outros. Geometrias variáveis...
andrepereira disse…
O Kosovo é um ninho de máfias. Todo o dinheiro ali enterrado será devorado por oligarquias nepotistas em belos casinos da Europa.
Estou pessimista. Deveria haver uma intervenção muito nforte da comunidade internacional, com verdadeiro poder sobre a classe política local. Podem dizer: que colonialismo pós-moderno! Mas, a verdade é que ali falta tudo... e a fome e o desespero, uma população super-jovem (50% tem menos de 25 anos) é um barril de pólvora.
Assim, Kosovo e Sérvia deveriam ter desde já um estatuto de quase entrada na UE, sob rigoroso controlo de Bruxelas e da ONU.
Anónimo disse…
Os símbolos da bandeira são para disfarçar as aspirações da «Grande Albânia».

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