Lisboa – Eleições intercalares

O combate dos júniores

Como numerosos leitores me informaram nas caixas de comentários do Ponte Europa a vitória de António Costa foi absolutamente irrelevante, tal o número de abstenções e a dispersão de votos por candidatos ditos independentes.

Estou de acordo. A vitória do PS foi modesta, só ganhou em todas as 53 freguesias da cidade, correu com o CDS da vereação e reduziu o PSD à terceira formação autárquica.

Nunca uma tão precária vitória causou tão demolidoras derrotas. Nunca tão poucos eleitores de Lisboa foram suficientes para provocarem um terramoto partidário no País.

É a vida, como diria o mais notável primeiro-ministro que Portugal teve e o mais bem preparado – o único que conseguiu cumprir uma legislatura sem maioria parlamentar.

Hoje almocei com pessoas de todos os quadrantes partidários. Somos suficientemente amigos para sabermos o que cada um pensa. Os telemóveis que não paravam de receber mensagens eram os dos convivas do PSD. Ora solicitavam a atenção do militante para a presença de Meneses num canal de televisão, ora convocavam para o apoio a Marques Mendes. Era uma guerra de propaganda e uma guerrilha interna.

De facto, a vitória do PS em Lisboa não foi retumbante, embora não pudesse ser maior. Só a derrota da direita foi arrasadora. De tal modo que as campainhas de alarme e os telemóveis convocam os militantes do PSD para um ajuste de contas e para tempos de facas longas enquanto o CDS ganha coragem para esquecer a vergonha e apresentar o único trunfo – Paulo Portas, uma figura gasta cuja ambição está na razão directa da aversão que provoca.

Comentários

Anónimo disse…
A cegueira crónica de CE começa a ser preocupante.
Números (do STAPE, extinto ou fundido, mas ainda em www.stape.pt): eleitores inscritos em Lx - 524248; Votaram: 196041; A. Costa: 57907.
Eleições regionais na Madeira
Incritos: 232502; Votaram: 140721; Alberto João Jardim: 90.339; PS (já nem sei o nome do gajo...): 21.699.
Posta de CE: "Madeira - O poder absoluto nunca esteve em perigo..."
Claro que os n.ºs de António Costa, comparativamente, foram retumbantes...
Esta vitória do Antonio Costa apesar de categórica não deixa de ser algo esquisita.

Desde logo por ser sufragada por apenas 11% dos eleitores inscritos nos cadernos eleitorais. Depois por nem sequer ter atingido 30% dos votos expressos. E ainda por cima, ter tido menos 25.000 votos que o anterior candidato socialista à Câmara de Lisboa (M Maria Carrillho), cuja votação na altura foi classificada como uma derrota humilhante.

Todavia, muitíssimo "pior" que António Costa, foram os desempenhos eleitorais quer do PSD quer o CDS.

Seja como for, todo este processo deve merecer de todos os interessados nestas matérias uma profunda reflexão.

Cumprimentos,

Regionalização
Anónimo disse…
A vitória do PS foi espectacular. Ganhou nas freguesias lisboetas de Cabeceiras de Basto, Fornes de Algodres e Famalicão. E estes eleitores até foram a Fátima rezar a Nossa Senhora. Ainda veremos o nosso amigo CE ajoelhado.
Anónimo disse…
António A. Felizes:

Partilho da sua preocupação com a fragilidade da democracia representativa.

Claro que o dia 15, apesar de ser o dia de ida e vinda de férias, não justifica o alheamento do eleitorado.

A campanha pela negativa: «votar Costa é votar Sócrates», «votar no PS é votar na Ota», etc., veio legitimar o que combatiam e produzir a mais retumbante derrota da direita sem que a esquerda tenha tido muitos votos.

O meu post respondia aos anónimos que teriam feito uma festa se o PSD tivesse ganho e se o CDS não tivesse desaparecido a caminho da segunda divisão.

Discutir as causas da fragilidade da democracia é importante. Mas é uma discussão para todos os democratas.

Um abraço.
e-pá! disse…
CE:

É preciso não consolidar a ideia de que o CDS e PSD fizeram tudo bem, nestas eleições intercalares.
Na verdade, de algum modo, derrotaram-se a si próprios. Deram sucessivos tiros nos pés.
Não devemos capitalizar, como "nossas virtudes", a inépcia dos outros... para não termos surpresas.

De acordo, sobre a necessidade de discutir os actuais problemas da democracia representativa, sem questionar os princípios.
Anónimo disse…
O 1º comentário tem os nºs, não há volta a dar.

Lamentável, é entender que a vitória de A. Costa, singnifica alguma coisa.

É fácil de ver que quem perdeu foi a democracia, ficando bem patente a consideração que o povo tem pelos políticos, princípalmente, os da área do governo.

O pessoal do PS sempre foi muito convencido, a democracia chegou a eles e parou.
Anónimo disse…
«...ficando bem patente a consideração que o povo tem pelos políticos, princípalmente, os da área do governo».

Resposta: Ao menos viu-se a consideração que mereceram os políticos dos partidos derrotados.
Anónimo disse…
Concordo:
A derrota do PSD e do CDS foram retumbantes.
Contudo apenas num sitema em que a derrota de um se torna automaticamente na vitória do outro é que pode levar a dizer que o PS teve uma GRANDE vitória.

Contudo a vitória do PS é fraca por dois motivos:
- As derrotas do PSD e CDS assim como os poucos votos no PCP e BE não se deveram ao PS mas sim a Carmona e a Roseta. Foram os independentes que derrrotaram a direita e foram os independentes que reduiziram os partidos de esquerda (PS incluido).

- A vitória do PS em que na situação em que a direita deixou a CML e se dividiu traduziu-se num aumento de 2% face à votação em Carrilho. No contexto calamitoso da CML seria de esperar que o PS (se não houvesse indignação face ao governo) tivesse um aumento muito mais espectacular.
Além de que ser a primeira vitória do PS a sós, tb não é dificil uma vez que durante Sampaio e Soares sempre se candidataram em coligações. De certeza que ganhavam uma destas a sós se não houvesse coligações à direita.

Em conclusão, foi uma vitória não pq ganhou aos adversários mas porque estes cometeram hara-kiri antes do combate. Vitórias assim, ...

Nota final
Sem Carmona e Roseta os resultados podiam ser qq como:
PS 35
PSD 30
PCP 11
BE 9
CDS 4

Mas não podemos descartar qq como:
PS 30
PSD 31
PCP 14
BE 12
CDS 3

A vitória do Ps seria à justa, e ainda bem para o PS que o tribunal contrariou as orientações da governadora civil.

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