Prestígio da ONU em causa

AIEA confirma hoje que o Irão desafia a ONU


«O Irão não cumpriu a determinação da ONU para suspender a actividade de enriquecimento de urânio, antes a intensificou, deverá confirmar o relatório que Mohammed ElBaradei, director-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), apresentará hoje em Viena».
Aconteceu o que se esperava. E agora?

Comentários

Braveman disse…
pois agora é como sempre

Nada se faz

e se se fizer, existem logo aqueles ocidentais de consciência duvidosa que se esquecem o porquê das coisas, e começam a protestar a favor dos coitadinhos dos iranianos

É assim a hipócrisia Ocidental actual
Anónimo disse…
Os conceitos sobre a ONU são, de certa maneira, sobreponíveis à celebre frase sobre a democracia, ao que parece da autoria Churchill: "A Democracia é o pior de todos os sistemas, com excepçäo de todos os outros."
É isso.
A actual ONU começa a padecer dos mesmos males que levaram à extinção "Sociedade de Nações", organização concebida durante a Primeira Guerra Mundial e estabelecida em 1919, em conformidade com o Tratado de Versalhes, para: "promover a cooperação internacional e conseguir a paz e a segurança".
Todos sabemos que é difícil lidar com a paz e a segurança (só Bush tem soluções inquestionáveis). Tanto assim é que, quando na "Conferência de Aliados", celebrada em Moscovo, em 1943, se concebeu as "Nacões Unidas" (nome proposto por Roosevelt), estava o Mundo a viver, outra vez, uma das mais destruidoras guerras - ditas mundiais (a II guerra Mundial).
A criação da ONU é, contudo, um avanço sobre a "Liga das Nações". Os seus fins são muito mais amplos e, assim, para além de manter como objectivo promover a paz e a segurança, acrescenta outros propósitos como: "instituir entre as nações uma cooperação econômica, social e cultural".
Este acrescento é a prova de que os políticos de 1945, "sabiam" ou "pressentiam" que a cooperação econômica, social e cultural eram condições indispensáveis à paz e segurança.
Esta cooperação muiltipotencial não tem sido, no mínimo, eficaz, primeiro porque logo após a criação da ONU começa um outro tipo de guerra - a "guerra fria" - que dura quase 40 anos e, depois, quando esta acaba (com desmonoramento do império soviético), começa um outro "conflito" perigoso para a paz e segurança - a globalização -,baseado no poder hegemónico de uma nação imperial (EUA) que vai desembocar, por exemplo, em "catástrofes" como a do Iraque onde - para simplificar - uma intervenção estrangeira arbitrária gerou uma "guerra civil". Tudo isto à revelia da ONU.
Mas o rol dos insucessos da ONU, com especial realce para as resoluções do seu Conselho de Segurança, é imenso. A recente resolução sobre o conflito israelo-hezbollah-libano, tem o nº. 1701!
Em Novembro de 1947, a resolução concernente ao plano de partilha da Palestina, ao futuro governo da Palestina, bem como, à internacionalização de Jerusalém, tem o nº. No. 181! E, passados todos estes anos, vemos que o conflito israelo-palestino continua a dominar as questões político-militares do Médio Oriente,mesmo quando parece não ser directamente vísivel ou visualizado. Sejamos objectivos: ninguém tem cumprido as resoluções da ONU - nem Israel, nem a Palestina.
Longa caminhada de insucessos.
Seria fastidioso enumerar.
O não cumprimento, pelo Irão, de suspender a actividade de enriquecimento de urânio, vem nesta onda de uma estratégica displiscente (o mais moderado termo que encontrei) ao nível político e diplomático.
Para Mohammed ElBrardei (pessoa que merece, pela sua isenção e competência, um profundo respeito)não é a primeira vez que ignoram as conclusões dos seus relatórios. Já foi assim no Iraque.
Neste momento, há outras condicionantes internacionais e, sejamos claros, temos a nefasta experiência do Iraque que, directa ou indirectamente, modera os impetos dos bélicos defensores das "guerras preventivas". Isto para não falar nas condicionantes militares, económicas (o petróleo sempre presente), sociais (os diversos "mundos" - primeiro, segundo e terceiro ou a dicotomia Norte-Sul) e finalmente culturais (a interminável discussão sobre a "guerra de civilizações").
Bem, nunca mais acabavamos de tecer considerações.
Mas, o que me parece nítido é que, neste conflito ONU-Irão, sobre a questão do nuclear, a diplomacia (com todas as suas nuances - económicas e políticas) vai ter um papel decisivo. Os custos (os maiores custos) desta diplomacia vão, com certeza, recaír sobre os EUA - é o preço da invasão do Iraque e, será, provavelmente o que o Mundo lhe exigirá.
Finalmente, esta minha convicção assenta, num facto que, muito embora frágil, é significativo.
Depois da criação da actual ONU - têm surgido imensos conflitos regionais (em Africa, na ex-Jugoslávia, nos Balcães, no Médio Oriente, etc) mas não conhecemos uma outra "guerra mundial".
Houve sempre a sabedoria de, quando o clima aquece demasiado, travar a tempo.
A questão do Irão tem incorporada no seu seio este risco pelo que será, novamente, necessário "travar". Os políticos vão tratar disso. É para isso que são pagos.
Anónimo disse…
A política actual americana não tem feito outra coisa senão dar o flanco e reforçar as posições extremistas adversárias.
A ONU nada pode fazer quando a própria América a fragiliza e despreza.
Por este caminho não se vai longe.
Anónimo disse…
Por que raio há-de o Irão abdicar da bomba? O direito de matar e destruir é só americano ou judeu?
Quando há moralidade, muito bem.
Quando não há, como é o caso, comem todos. E fazem muito bem.

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