MINISTRA BRITÂNICA DEFENDE ESCOLAS RELIGIOSAS

A ministra britânica para as Comunidades, Ruth Kelly, defendeu, em Londres, o papel das escolas religiosas, perante acusações de fomentarem a segregação entre pessoas de diferentes credos religiosos.

A Europa secularizada e democrática esquece as lutas que travou e o sangue que verteu na defesa da liberdade para ceder a pressões e capitular perante o proselitismo religioso, através de líderes que se vendem por um punhado de votos.

Na Inglaterra, a ministra Ruth Kelly, membro do Opus Dei, nomeada por Blair, que gosta de afirmar publicamente a sua religiosidade, e, quiçá, convertido ao catolicismo, defende as escolas religiosas face à escola pública, uma forma de entregar crianças ao proselitismo dos credos que se digladiam e buscam a hegemonia no mundo globalizado.

Às escolas protestantes e católicas juntam-se agora as islâmicas, sikhs e hinduístas. A fanatização de crianças fica ao alcance de clérigos que orientam ideologicamente a formação e substituem os professores que educam para a cidadania.

Neste retrocesso histórico e civilizacional, no atropelo à escola pública e no desprezo pela laicidade germina a semente do ódio e da competição religiosa.

Quando os líderes doS Estados laicos abdicam do papel de árbitros e se conluiam com os chefes religiosos lavram campos onde semeiam ódio, cultivam rivalidades étnicas e colhem sentimentos comunitaristas em detrimento da cidadania.

A cobardia de alguns dirigentes políticos põe em perigo a liberdade, mina os alicerces da democracia e abre caminho para regimes teocráticos que fomentam a intolerância, o terror e a guerra.

Comentários

Anónimo disse…
A minha dúvida é a seguinte:
-A Grã-Bretanha é um estado laico?
-Ou tem uma religião oficial?
- O rei (ou a rainha) não é o chefe da religão oficial (anglicanismo).

Tudo isto para, em vez de simplificar - segundo penso há uma efectiva tolerância religiosa na Grã-Bretanha - introduzir um outro dado na situação ou considerar, pura e simplesmente, que a ministra Ruth Kelly falou, quando devia estar calada.
Anónimo disse…
e-pá:

De facto o Reino Unido tem uma religião oficial - o anglicanismo -, cujo chefe é o rei (ou rainha) que pode ser agnóstica ou ateia.

Era hábito os primeiros-ministros não explicitarem a sua crença, caso a tivessem.

Blair, cuja mulher é católica, gosta de se dizer um crente. É uma forma de ferir a laicidade.

Que é crente sabemos nós, a avaliar pelas armas de destruição do Iraque! ,-))
el s (pc) disse…
É mais importante have a liberdade de haver escolas religiosas ou, em nome da liberdade, proibir tal liberdade?
Anónimo disse…
el_sniper:

A experiência islâmica fala por si.

Não está em causa a existência de escolas religiosas, está em causa o pagamento das mesmas pelo Estado.

O apelo ao ódio a partir das mesquitas deve ser consentido?

Urbano II, HOJE, faria uma cruzada ou iria para o manicómio?
Anónimo disse…
...e se as escolas religiosas tiverem o seu programa controlado pelo Ministério da Educação, de modo a não ferir os princípios básicos do Estadoe e a defesa dos direitos fundamentais?
Anónimo disse…
advogado do diabo:

Isso é uma forma de obviar ao proselitismo que todos sabemos que existe nas escolas religiosas dos países submetidos ao poder clerical.

Mas os clérigos não aceitam.

Exemplos: Países árabes - todos;
América do Sul - vários países;
Timor: um protectorado do Vaticano disputado pela Austrália.

Podia dar-lhe mais exemplos, da Polónia aos EUA.
Anónimo disse…
advogado do diabo:

Os ministérios da educação - ou melhor os respectivos ministros - podem inclusivé ser um instrumento de proselitismo.

Para mim, o fundamental é instituir e defender, no dia a dia, o estado laico.
Para atalhar argumentos, e não recuar aos tempos de antanho, penso que a laicidade do Estado, sendo uma das mais vísiveis bandeiras herdadas da Revolução Francesa, deverá ser a prática diária da república.
O problema inglês - um dos problemas - é o reino.
Anónimo disse…
Os líderes políticos que assumem explicitamente a militância em correntes cristãs dum evangelismo fanático e agressivo ocupam o poder nos EUA.
E vão impondo nas escolas as teorias criacionistas, que recusam outros pontos de vista da ciência.
Parece uma questão diversa, mas vai tudo dar ao mesmo.
Anónimo disse…
"A experiência islâmica fala por si."

Bem na verdade a experiência de qq religião falará sempre por si se virmos apenas o lado de ódio e violência que em seu nome foi gerado, inclusivé o fanatismo ateu e laico.

A questão que colocou não é sobre o que deveria ser ensinado mas se as escolas de cariz religioso deviam ser proibidas? Essa proibição seria um claro atentado à liberdade individual.

No post original não fala de subsídios do estado, mas neste caso qq escola privada deve estar em igualdade de circunstâncias relativamente aos subsídios do Estado seja laica, seja religiosa.

Quanto ao que é ensinado, claro que pregar o ódio deverá ser proibido, tanto o que alguns imans islâmicos fazem relativamente aos Ocidentais assim como clérigos cristãos e professores laicos o fazem contra Islâmicos. Essa liberdade, a de fomentar o ódio, deve ser proibida porque atenta a liberdades mais elevadas, como à vida e à liberdade religiosa.

A pergunta mantém-se: Defende-se a liberdade, censurando algumas formas de expressão que não atentam contra a liberdade de outros? Foi assim que Salazar começou...

el s.
Anónimo disse…
El_s:

Acredite que estou mais longe de Salazar do que o senhor.

Sou partidário do ensino particular como as posições ideológicas, que diariamente exponho, deixam adivinhar.

Contrariamente à sua posição, e de todos os liberais, sou contra o apoio pecuniário do Estado às escolas particulares.

As escolas do Estado devem ser laicas. As outras devem submeter-se à Constituição da República e leis do Estado.

Uma escola ateia é tão perversa como uma escola religiosa (prosélita). Tal como um Estado.

A laicidade é a base da democracia e el_s corre o risco de substituir o multiculturalismo pelo multireligiosismo.

Finalmente, não vejo diferença entre o mullah Omar e Urbano II.

Actualmente é conveniente ver como a Igreja católica se comporta em Timor para não falar de Espanha onde o primeiro-ministro tem outra capacidade de resistir.

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