Laicidade e tolerância


É interessante verificar que os muçulmanos franceses são mais tolerantes do que os seus vizinhos europeus e que em muito maior número consideram a identidade nacional mais importante do que a religião.

Segundo a sondagem, de acordo com o «Le Monde», em França 78% dos muçulmanos pensam que a sua comunidade deseja adoptar as tradições francesas enquanto apenas 41% em Inglaterra e 30% na Alemanha acreditam no desejo de integração.

Após a polémica da proibição do véu islâmico nas escolas públicas e as críticas à França (com a única Constituição europeia que expressamente impõe a laicidade) morrem os argumentos que tinham por objectivo aumentar a influência política das religiões.

Uma vez mais se digladiam duas concepções antagónicas, a defesa do comunitarismo e a supremacia da cidadania.

Não se pode combater a segregação mantendo-a e acabar com o «multiculturalismo» político mantendo o multiconfessionalismo do sistema educativo.

Como escrevia, há dias, Ricardo Alves, dirigente da Associação República e Laicidade

«Enquanto o sistema escolar britânico não deixar de ser baseado em escolas segregadas religiosamente, problemas como o da Irlanda do Norte ou do 7 de Julho de 2005 não serão de resolução ou prevenção fácil».

Os factos acabam por desmentir a presunção.

Comentários

Anónimo disse…
Estes números são importantes!
Afinal a laicidade dá algum resultado.
E os motins que destruiram milhares de carros e outros bens das pessoas?
Que foi aquilo?
Manel disse…
É um problema sério ser acusado de professar uma religião falsa.
A mim não me podem acusar de tal!
Anónimo disse…
O problema é sempre o mesmo. Quer no ensino, quer na política, quer na religião, enfim na atitude cultural, na postura perante a vida. Considerar, levar em linha de conta, respeitar, os direitos do OUTRO.

Cito:
"Para além das razões de método, pode-se aduzir em favor da tolerância uma razão moral: o respeito à pessoa alheia ... nesse caso, a tolerância não se baseia na renúncia à própria verdade, ou na indiferença frente a qualquer forma de verdade. Creio firmemente em minha verdade, mas penso que devo obedecer a um princípio moral absoluto: o respeito à pessoa alheia. Aparentemente, trata-se de um caso de conflito entre razão teórica e razão prática, entre aquilo em que devo crer e aquilo que devo fazer. Na realidade, trata-se de um conflito entre dois princípios morais: a moral da coerência, que me induz a pôr minha verdade acima de tudo, e a moral do respeito ou da benevolência em face do outro."
(Norberto Bobbio, 1992, p.209)

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