A constituição iraquiana

O adiamento da votação da Constituição Iraquiana foi um péssimo prenúncio.

A resignação dos EUA à transformação do Iraque numa república islâmica não é apenas a confirmação do fracasso, é a admissão da falsidade dos argumentos que justificaram a invasão.

Que é feito dos cristãos que, sob a ditadura de Saddam, gozavam de liberdade religiosa e eram, no Iraque, anteriores ao Islão? Onde está a liberdade prometida, a democracia anunciada, a igualdade entre os sexos, com uma constituição que tem o Corão como referência principal?

A impotência e a hipocrisia emergiram depois de dois mil soldados inutilmente mortos, perante a devastação de um país, o acirrar dos ódios tribais, o aumento da influência do clero e o horror e o ódio a atingirem o seu máximo esplendor.

O mundo não esquecerá a arrogância de Bush e Blair nos Açores, a conivência dos lacaios e a expectativa dos falcões dos EUA. A cimeira da guerra, associada de forma trágica e vergonhosa ao território português, deu origem à catástrofe que fez regressar o Iraque à Idade Média e transformou o Médio Oriente de zona perigosa em barril de pólvora.

A tragédia suplementar reside agora na dificuldade e falta de credibilidade dos autores morais e materiais de uma agressão ao arrepio da ONU e do Direito internacional, com base em mentiras e artifícios, para conter as ambições nucleares do Irão ou responder com determinação ao regime demencial da Coreia do Norte.

Quem não respeita as normas internacionais carece de legitimidade para celebrar a paz, impor o Direito, promover a democracia e defender a liberdade.

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