Trump: peregrinação ou religiões, alianças e negócios.
A primeira viagem ao exterior do Presidente Trump foi um périplo deveras curioso. Primeiro, a ronda religiosa.
Contemplou as 3 religiões do livro. Esteve no reino que abriga e administra Meca, deslocou-se ao muro das lamentações (Jerusalém) e, por último, visitou, no Vaticano, o Papa.
À margem desta multifacetada ‘peregrinação’ foi fazendo contactos e selando alguns negócios.
Na Arábia vendeu equipamento militar e quis, deste modo, garantir a supremacia do reino saudita no contexto regional.
Em Israel foi reafirmar linhas políticas que visaram fortalecer a vontade dos ultras para abocanharem os iranianos. Mais uma vez um problema relativo à hegemonia regional.
No Vaticano foi mostrar a mantilha (tridentina?) de Melania, já que os negócios são assuntos mundanos a tratar no silêncio das catacumbas e na escuridão dos templos.
Despachado o roteiro religioso com uma patética e deslocada pregação contra o ‘extremismo’ (deixou cair o termo ‘terrorismo’ por solicitação saudita) no meio de um ajuntamento de confrades e muftis sunitas , em Riad, senhorial redil do wahabismo ( uma versão explícita de extremismo religioso), passou pela sede da NATO em Bruxelas onde regateou qual o preço a pagar pelos ‘associados’ para pertencerem à organização político-militar em permanente expansão (de acordo com os interesses norte-americanos no Mundo).
Muita gente ficou espantada quando na campanha eleitoral Trump anunciou a construção de um muro na fronteira com o México e que os mexicanos seriam obrigados a pagá-lo. Agora, chega à NATO e pretende ‘alugar’ a capacidade de resposta militar por ‘preços de mercado’, disfrutando de uma posição dominante, quase monopolista.
Mais, ameaçou obrigar a pagamentos retroativos. A UE após o sucedido tem equacionar qual o preço a pagar e se não há alternativa, isto é, se não é mais adequado construir uma defesa comum europeia, à margem dos EUA, i. e, da NATO tal como se anuncia para o futuro.
Na realidade, a evolução desta parceria que começou como atlântica e já se transformou numa guarda pretoriana yankee de intervenção global poderá ter custos políticos e financeiros – para os europeus - incomportáveis.
Finalmente, viajou até à Itália (Sicília)) e de passagem pelo G7 aproveitou para titubear sobre globalização (com a cabeça nas medidas protecionistas que quer aplicar) e na peugada decidiu ‘empatar’ os acordos de Paris sobre meio ambiente recentemente sobrescritos pelos EUA. O slogan ‘América, primeiro’ começa a fazer as suas vítimas.
Na verdade, a posição ‘industrialista’ dos políticos republicanos norte-americanos (ver posições dos presidentes Bush) é avessa a compromissos sobre o clima e o ambiente. Aqui, também, existe uma primazia de raiz ultraliberal: o crescimento industrial desregulado, i. e., sem leis, nem regras.
Falta, agora, aguardar que a imprensa mundial registe o sucesso desta viagem de Trump em direção a uma Europa que quer fragmentar para economicamente sufocar. Entretanto, no que diz respeito ao Médio Oriente a sua viagem a Riad e a Jerusalém, deverá ter resultados imediatos.
A saber: o agravamento súbito da crise política e militar em todo o Levante e o enfraquecimento da luta antiterrorista.
A digressão de Donald Trump pelas Arábias, Médio Oriente e Europa faz lembrar um feirante a vender 'banha da cobra', made in States...
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