Viva o 25 de Abril. Sempre.

 
Há quem, antes, não tivesse precisado de partido, quem não sentisse a falta da liberdade, quem se desse bem a viver de joelhos e a viajar de rastos.

Houve cúmplices da ditadura, bufos e torturadores, quem sentisse medo, quem estivesse desesperado, quem visse morrer na guerra os filhos e nas prisões os irmãos, e se calasse. Houve quem resistisse e gritasse. E quem foi calado a tiro ou nas prisões.

Uns pagaram com a liberdade e a vida a revolta que sentiram, outros governaram a vida com a vergonha que calaram.

Houve quem visse apodrecer o regime e quisesse a glória de exibir o cadáver e a glória da libertação. Viram-se frustrados por um punhado de capitães sem medo, por uma plêiade de heróis que arriscaram tudo para que todos pudéssemos agarrar o futuro.

Passada a euforia da vitória, ninguém lhes perdoou. Os heróis da mais bela revolução da História e agentes da maior transformação que Portugal viveu são hoje proscritos e humilhados por quem lhes deve o poder.

Uns esqueceram os cravos que lhes abriram a gamela onde refocilam, outros reabilitam os crápulas que nos oprimiram, outros, ainda, sem memória nem dignidade, afrontam o dia 25 de Abril com afloramentos fascistas e lúgubres evocações do tirano deposto. 

Perante os ingratos e medíocres deixo aqui a TODOS os capitães de Abril o meu eterno obrigado.

Não quero saber o que fizeram depois, basta-me o que nesse dia fizeram. 

Obrigado Otelo, Salgueiro Maia, Fabião, Vasco Lourenço, Vítor Alves, Melo Antunes e tantos outros. Obrigado a todos os que fizeram a Revolução. Por cada afronta que vos fazem é mais um pedaço de náusea que provocam.

Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

vabels disse…
Obrigado por tão bem expressar um sentimento de dignidade que é partilhado por muitos.

Mensagens populares deste blogue

Divagando sobre barretes e 'experiências'…

26 de agosto – efemérides