O feriado do 5 de Outubro e as crenças religiosas


A suspensão do 5 de outubro do calendário dos feriados não pode durar mais do que a atual legislatura. Mesmo um governo de igual cor partidária há de reconhecer que a data é património da História e matriz do nosso regime. Basta a substituição por governantes fiéis ao programa do PSD e à memória de Sá Carneiro e Emídio Guerreiro.

A questão dos feriados no último programa «Prós e Contras» do principal canal público teve, voluntariamente ou não, dois objetivos: desviar as atenções da escalada contra os direitos dos trabalhadores e defender o feriado do 1.º de dezembro, respeitável enquanto memória histórica, tendo o programa terminado ao som do Hino da Restauração, adrede preparado pelo político do CDS, Ribeiro e Castro. Era preferível o Hino Nacional.

Bastavam as seguintes leis: divórcio, separação das igrejas e do Estado e registo civil obrigatório, para fazer do 5 de outubro de 1910 uma data emblemática da História de  Portugal. Paradoxalmente, a eliminação do feriado, da data que celebra o regime em que vivemos, tem lugar após a patriótica celebração do seu centenário, com legítima pompa e circunstância. A ignorância, a maldade e a ingratidão uniram-se para perpetrar um crime contra a memória.

A existência de feriados ditos religiosos são um perigo para a estabilidade dos regimes democráticos porque abrem a porta a reivindicações de várias religiões numa sociedade que é cada vez mais plural e cosmopolita. Não devem existir feriados religiosos. Que o dia 24 e 25 de dezembro sejam feriados não se discute, apesar de o dia 24 não o ser. É a festa da família e a Igreja católica, que ignora o ano do nascimento de Cristo, quanto mais o dia, poderá sempre chamar Natal ao solstício de inverno que já o mitraísmo festejava antes de Constantino ter usado o catolicismo para unir o império romano.

A Páscoa calha sempre a um domingo, um dos feriados que a ICAR considera a data da ressurreição de Cristo. Cabe ao Estado respeitar a festa religiosa de uma religião que já conta com 52 feriados dominicais. Ir além disso é provocar a competição religiosa pela afirmação simbólica através dos feriados que cada crença consegue impor.

O que não se pode comparar é o 5 de outubro com a Assunção de Nossa Senhora ao Céu, efeméride que poucos católicos sabem que consiste na subida ao Céu, em corpo e alma, da mãe de Jesus. O acontecimento, cuja data, local, meio de transporte e itinerário se desconhecem, só existe desde 1950, data em que o papa Pio XII declarou tão bizarra e improvável viagem como dogma.

O 5 de outubro de 1910 é a data cuja eliminação do calendário dos feriados é um ultraje aos heróis da Rotunda, uma ofensa ao regime em que vivemos e uma vergonha para os órgãos da soberania, em geral, e particularmente para o mais alto cargo que representa a República.

Há a Constituição da República, a Assembleia da República, o Governo da República e, até, o Diário da República. De que ficará presidente o inquilino de Belém?


Ponte Europa / Sorumbático

Comentários

Xico disse…
E o mesmo dia mas de 1143 e a fundação do reino de Portugal?
O Tratado de Zamora é uma falsificação histórica que Herculano demonstrou.

De qualquer modo gostaria de ter um dia de Portugal que não fosse ressurreição do 10 de Junho, por Cavaco, da data que Salazar transformou em dia fascista de exaltação da guerra colonial.
O Tratado de Zamora é uma falsificação histórica que Herculano demonstrou....13 de febrero de 1147, «anno quo pronominatus imperator...alfonsus VII zamora 1143

ou Journal of Medieval History 27 (2001) 101–120
www.elsevier.com/locate/jmedhist
South of the Pyrenees: kings, magnates and
political bargaining in twelfth-century Spain

parece ter sido uma falsificação bem feita

dura até ao XXIº

Herculano até no seu rimance o bobo teve falhas histéricas

e a historia de putocale só vale alguma merda a partir do 5º volume

de resto foi mais um indivíduo de lendas que de rigor mortem histriónico

foi uma espécie de José Calixto do século XIX
(só que nessa época os historiadores amadores não tiravam mestrados de bibliografia tinham bibliotecas que iam levando para Vale de Lobos e queimavam os mais velhinhos para a fogueira dos gebos que os carregavam

percebeu?

claro que não o conhecimento da história de portugal está ao nível do Senhor Professor Doutor Calixto que era um palerma no 1º ano e agora é um palerma no 28º

mesmo 28 anos fechado com livros nã dão poderes extra-sensoriais

zamora treaty nulla parte existes...pués boy...
Deves ter tirado o curso em letras como o do fungágá da bicharada

dinossauro excelentíssimo do XXIº
heil o grande filósofo e reytor
pactum et amicicia et concordia...iluson né?

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